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No sol escaldante a queima das peças para levar as feiras e oferecer para o sustento das famílias.

Sobre a beleza maior, aquela que pulsa que vibra na fundação de forças incompreensíveis na vida incomum de pessoas brancas e de quem tem no consumo a centralidade da percepção de conquistas vitais, esse mero engano, o que no rápido passar de olhar sobre matriarcas anciãs dessas terras remanescentes se vai desconstruir. Nessa visita do Além do Mar, curta porém profunda, de certo vai ficar o gesto de Dna Vó de Baixo, o desprendimento de quem pouco tem, o presente como resposta a conexão de nossas almas, o sentido maior a caminhada que é o sentido dos encontros e a gratidão por sentir essa potência ancestral em nossa vida.

Vó de Baixo, desprendimento e sabedoria de uma matriarca.

A comunidade Negro do Riacho que é de fato uma das comunidades quilombolas mais conhecidas do Rio Grande do Norte, apesar de se encontrar em região afastada e reconhecida como terras quilombolas.

Dna Noêmia “não quero ficar parada, é melhor fazer minhas panelas”.

Vulnerabilidades sociais expostas e seculares misturam-se a marca mais característica dessas famílias quando o assunto é patrimônio imaterial. O barro donde conta-se que viemos é a matéria prima que passa hereditária entre entes e elos de respeito e afirmação dessa comunidade. As louceiras como se conhece, levam a labuta da cultura do fazer retirado das terras, a argila que dá princípio a construção não só de utensílios de barro, mas, é a estrutura subjetiva que une as famílias molda as relações de hierarquias e posicionamento dentro de famílias, cuja as vulnerabilidades de direitos humanos elementares. muitas vezes ausentes não leva a esmorecer estes e estas persistentes protagonistas de suas próprias histórias.

Não há limite para cultivar a alegria. Essa é a lição da infância.

Fragilizados na manutenção de condições de sobrevivência e auto-estima a vida se leva sob um sol escaldante em que suas peles brilham em contraste nas queimas do barro moldado das louceiras junto a os homens e crianças fazendo a vida se tornar exemplo a quem ali visita e compra as panelas, pratos, jarros. Há de ser recebido com calor humano, gentil e natural, quem ali experência a forma acolhedora garantindo memórias ricas de aprendizados e carinho.

A marca da comunidade são as famílias em torno da cultura das louceiras.
As panelas de argila tem características de brilho próprias apenas da matéria prima extraída pelas louceiras de Negro do Riacho.

A obra de arte é um ato coletivo.

Na cidade do Caicó um jovem de 23 anos se identificou a três anos como colagista, suas primeiras obras já apontavam a grandeza de suas releituras dos temas mais variados dessa nossa sociedade em que na arte se faz celeiro da criação. A diversidade do mundo acontecendo nos propõe como artistas ressignificar o cotidoano, reposicionar a criatura pela criação. Gabriel faz isto com entrega e sensibilidade únicas, provocando com suas artes, sensações, emoções e beleza que resultam em quadros primorozos, cheios de significado.

Estando na cidade de Caicó ele produz seu trabalho que é adquirido por clientes por todo o Brasil.

No ano de 2022 ele entrava em contato para somar a construção de um provável nova colagem com o tema voltado a Santana. Em sua pesquisa ele veio buscar uma fotografia de autoria minha (Vlademir Alexandre) e como arte não se faz só, mas sim, com toda a carga das vidas que provocam o impulso artístico, somamos a minha fotografia ao desejo de criar de Gabriel. Era o início de uma troca rica em amadurecimento e admiração mútua que só foi se concretizar como obra final em 2023. Gabriel com um posicionamento respeitoso, ético e coletivamente responsável, me contatou mais uma vez, afim de confirmar a aquisição de minha fotografia na composição de seu trabalho. Fizemos um acordo de troca de obras. Eu entreguei a minha e ele entregou uma cópia da sua criação. O processo que aconteceu dias após minha mãe ter subido aos campos da eternidade, me apontando um sentido simbólico cheio de amor e valores aos quais minha vida se ampara, dando sentido e conforto às saudades que agora recebem o carinho de Santana.

Pois a vida e a arte são encontros de almas e afetos materializados como resultados de

algo acima de nossa vã humanidade.

Assim acontece a criação de Gabriel Fernandes.
Veja como foi o encontro do fotógrafo Vlademir Alexandre com o colagista Gabriel Fernandes.

Contato Instagram: @biel_artlife

Além do Mar foi nos recantos do RN onde a história dos antepassados se preservam nas estruturas rochosas em inscrições rupestres e onde o espetáculo das águas sempre está manifestado na força vital do açude Boqueirão há um pouso gracioso de deleitar o Sertão. A convite da vereadora de Currais Novos e amiga Rayssa Aline fomos a pousada Recanto Mulungu que está localizada bem próxima ao centro de Parelhas, mas longe do barulho da urbanidade o suficiente para trocar o barulho dos carros pelos cantos dos pássaros. Aliás, abundantes na região.

Um local que reserva uma experiência com Chalés temáticos em que cada um leva cuidadosa decoração particular e carrega o título de um mineral com sua descrição na porta de entrada. O local é cuidado por um casal que nos recebe com o carinho peculiar do sertanejo que acolhe com dedicação, oferecendo uma experiência agradável, gratificante e cheia de boas energias expressas em toda a ambientação do lugar.

Os chalés são decorados com exclusividade.

Serviço:

Reservas 84 99902-2324 

E-mail: regiamassis@hotmail.com

Instagram: @pousadarecantomulungu

Neste dia 05 a escolha deve ser pelo futuro vislumbrado no bem da humanidade, porém, este deve estar intimamente ligado a preservação do que se deve fazer agora e urgente no sentido de dar proteção a esse mundo que estamos inseridos, somos parte, ainda mais, somos responsáveis pela condição racional que esse planeta proporcionou que alcançássemos, essa premissa nos exige posturas condizentes com o poder de alteração nas condicionantes de equilíbrio natural na qual a ação humana impôs a estrutura vital do meio ambiente. Essas ações vão desde do simples compromisso de educar nosso filhos e crianças do mundo a conhecer, respeitar e proteger tornando-se fiscais de suas famílias revendo comportamentos inaceitáveis e irresponsáveis como o lixo abandonado nos oceanos até um simples lixo jogado inconsequentemente pela janela de um veículo.

O maior cajueiro do mundo em Pirangi é um dos muitos exemplos de patrimônio natural a se preservar para as gerações futuras.

Os Órgãos e entidades das mais diversas já começam a pautar suas ações de apoio, fomento e conscientização sobre o tema do meio ambiente. Alguns governantes, políticos das esferas de poder do Estado precisam criar, leis, dar condição de trabalho adequada as entidades que representam a mão do governo nesta tarefa de proteção urgente as florestas, ás águas de rios, lagos e oceanos além do ar que respiramos, tudo frui do ecossistema que dá base e qualidade aos destinos sociais.
Aqui no Além do Mar nossa incansável luta é pelo diálogo com o que nos afeta com os valores da natureza em escala de prioridade para atenção ao meio ambiente em sintonia com as vivências humanas, perseguir a sustentabilidade a troca de experiências e a imersão responsável tem sido a tônica de ações que usam a fotografia como ferramenta de construção narrativa e não apenas o mero registro. Por estes caminhos queremos trilhar lado a lado com quem quiser somar nos compromissos, nas experiências e nos aprendizados.

De 01 a 07 de Junho de 2023 acontece a SEMA 2023 com o slogan “O meio ambiente não é de plástico” a Semana de meio ambiente chama a atenção para a urgência da proteção dos recursos marinhos do RN.

O evento foi aberto no anfiteatro do Parque das Dunas.

Na luta em defesa do meio ambiente entidades diversas, parlamentares e ambientalistas se somaram ao lançamento da rede Oceano Limpo do Rio Grande do Norte onde a governadora se comprometeu com as ações propostas e com o fortalecimento da instituição do IDEMA, inclusive anunciando concurso público para preencher os quadros do órgão.

Os mares sofrem poluição com números e previsões preocupantes. 90% da poluição dos oceanos estão compostos por plásticos. E 46% são detritos de equipamentos de pesca e redes de pesca abandonadas ameaçando a sobrevivência e segurança de animais marinhos e também dos próprios pescadores que tem a redução do pescado e o risco de acidentes potencializados pela poluição.

A triste estimativa é de que pelos índices atuais a poluição nos mares chegue a equivaler a quantidade de peixes igual a de plásticos até o ano de 2050 segundo Alexandre Turra, coordenador da Cátedra UNESCO para a sustentabilidade do Oceano em sua palestra de abertura da SEMA 2023.

A SEMA tem ampla programação e pode ser acessada por suas mídias sociais e site.

https://l1nk.dev/tyLjp

O Além do Mar está com junto com o fotógrafo Vlademir Alexandre na mostra Rastejar No rasto de Lamartine compondo a programação de atrações no Maior Cajueiro do Mundo onde além de ver a exposição, as pessoas poderão adquirir os quadros lá expostos.

Mais informações sobre o projeto em @vlademir_alexandre e @exporastejar além de nossa Midia no Instagram @alemdomarrn

Conhecido também como Cajueiro de Pirangi está árvore ocupa um espaço de 9.000 metros quadrados, sendo maior que um campo de futebol. Estimasse que seu tamanho equivale a aproximadamente 70 cajueiros em tamanho comum. Surgido em uma região litorânea em um antigo sítio do então prefeito de Natal Sylvio Pedrosa este patrimônio natural figura no guiners book como o maior cajueiro do mundo desde 1994, e segundo os habitantes mais antigos deve ter entre 110 e 120 anos de idade.

Pequenos micos fazem do cajueiro sua morada além de uma diversidade de pássaros, répteis, borboletas, enfim, é um lugar de intensa vida silvestre. Apenas de frutos são produzidos 70 a 80 mil cajus por safra.

A trilha entre os galhos do cajueiro é uma oportunidade de vivenciar a dinâmica de vida natural exuberante deste incrível fenômeno.

Conta a lenda que uma cutia haveria enterrado a semente que deu origem ao cajueiro de Pirangi. Já outra versão, diz ter sido plantado pelo senhor Luíz Inácio de Oliveira por volta de 1888 segundo a bisneta, Sra. Hélia Maria de Queiroz.

A visitação no cajueiro é pública mediante a compra de ingressos e o acesso controlado.

A importância da manutenção e defesa de espaços naturais e patrimônios naturais vão além das relações aparentes. Sua permanência e arranjos estruturais para o crescimento do cajueiro são a afirmação do respeito ao meio ambiente, o reconhecimento da história e a apropriação dos valores nativos do RN.

É deste lugar naturalmente rico, onde também agrega-se valor econômico possibilitando o sustento na geração entre mil e mil e trezentos empregos diretos e indiretos. Os frutos são muitos e além do que comportam os galhos do cajueiro há a história relacionada a seu crescimento em íntima relação com o desenvolvimento da região. Não é possível dissociar o crescimento e desenvolvimento sócio ambiental das profundas raizes do Maior Cajueiro do Mundo.

As famílias de pequenos micos são uma diversão a parte na observação do cajueiro de Pirangi.

Depois do sucesso na Pinacoteca, exposição “Rastejar – No rasto de Lamartine” chega à Graciliano 2924
(por Rosilene Pereira da Silva)

Mostra de Vlademir Alexandre abriu nesta quinta (18) e segue até dia 30 de maio é resultado de vinte anos de trabalho

 

A diversidade do sertão sob a ótica do pesquisador natalense Oswaldo Lamartine de Faria é o tema de “Rastejar – No rasto de Lamartine”, exposição do fotógrafo VlademirAlexandre, que será aberta nesta quinta (18), às 16h, na casa Graciliano 2924, espaço colaborativo localizado em Capim Macio e que é parceiro no evento junto com o Araçá Café. Na abertura, Duda da Boneca fará intervenções artísticas.

Em 2022, a exposição levou centenas de pessoas à Pinacoteca do Estado, sendo prorrogada por duas vezes. Além de atores e cenários tradicionais dessa região – como um vaqueiro em galope e os açudes cheios na invernada – a mostra de 23 imagens retrata cenas peculiares, o fumegar de uma panela com canjica de milho. Múltipla, a exposição envolve as expressões artísticas de desenhos, textos, fotografias. 

Para expor este resultado, o fotógrafo debruçou-se por quase vinte anos em registros fotográficos e pesquisas sobre a obra do chamado “sertanólogo” e escritor que se tornou referência sobre o tema, após 21 livros publicados. Os visitantes terão a oportunidade de fazer uma “imersão transversal na obra de Lamartine, já que é atravessada pela minha própria impressão desta obra”, diz o autor, nascido no Rio de Janeiro e radicado em Natal, “migração oposta à feita por Lamartine”.

Vlademir destaca a “capacidade de Lamartine de fazer um mapeamento técnico e preciso sobre os costumes do Seridó, mas com a força da poesia e da cultura popular, o que o torna singular”. Segundo a escritora Rachel de Queiroz, que consultou Lamartine para escrever o clássico “Memorial de Maria Moura”, ele é o maior “sertanólogo” do Brasil.

Sobre o conceito da mostra, Vlademir resume: “É uma provocação à percepção de um Nordeste a partir de sua essência, um ensaio fotográfico de imersões para o universo da linguagem, da origem e da identidade sertaneja a partir dos escritos de Oswaldo Lamartine que propõe ressignificar o lugar, uma vivência possível no aportar ao tempo, o espírito e o fazer sertanejo do homem e da mulher do campo como atores de suas crenças e edificadores do imaginário popular”.

Impressas no melhor material “canvasmuseum” para fine art, as 23 telas de tamanhos variados possuem 100 anos de garantia e estarão à venda, sendo ideais para colecionadores ou decoração personalizada de ambientes. 

Sobre Vlademir Alexandre

Cientista social e fotojornalista, trabalha com mídia visual, fotografia e produção de vídeo há 27 anos. É arte educador e professor de fotografia.

Membro do Coletivo daFOTO!, atua em assessoria institucional nas áreas de indústria, legislativa, campanhas políticas e publicitárias, jornais (Tribuna do Norte, Estado de São Paulo, Novo Jornal) e revistas nacionais e do RN. Já produziu para instituições como Petrobras, Governo do Estado, Assembleia Legislativa, SENAC, Câmara Municipal e Prefeitura do Natal. 

Criador do Blog Além do Mar, discute desde 2009 o turismo rural e desenvolvimento sustentável como alternativa. Educador em projetos de fotografia como ferramenta didática e conceitual em abordagens individuais e por meio de coletivos e ONG’s, é escritor, cursando Ciências Sociais. Foi vencedor e teve menção honrosa em concursos como Sindipetro, IDEMA, Brahma e SENAC MG. 

É coordenador e proponente do livro Seis Formas de Ver o mundo (2021) e fez a direção das entrevistas Foto Coletiva, codireção e fotografia websérie Autorretrato (2021).

 

SERVIÇO

Exposição “Rastejar – No rasto de Lamartine”

Casa Graciliano 2924 –  R. Graciliano Ramos, 2924 – Capim Macio, atrás do Shopping Cidade Jardim

Abertura: 18/05/23, quinta, das 16h às 19h

Entrada gratuita. Até 30 de maio.

Visitação de segunda a sábado, das 15h às 21h (fechado aos domingos)

Crédito das fotos: Vlademir Alexandre

@vlademir_alexandre

@exporastejar

Parceiros: Araçá Café Bristô – @aracacafe e Casa Graciliano 2924 -@graciliano2924

Contato com o fotógrafo: 99973-7355

A.c. Por rastejamento

Rastejar, é quase certeza ter sido um dos primeiros verbos que os nossos antepassados colonizadores aprenderam a soletrar, até mesmo por carecimento de sobrevivência. Rastejar tem sido uma constante das populações primitivas que

pouco a pouco vai se diluindo com a artificialização do homem.

O sertanejo seridoense, pela significação de uma vida mais achegada à terra é, mais das vezes, em grau de mestre ou de aprendiz, capaz de “tirar um rasto”

Mestre como o velho Possidônio Avelino da Costa, morador na Serra Padre (Acari, RN), que lá pelas idas eras de quarenta, rastejou por toda uma noite de lua pelo lombo da Serra do Bico até Gargalheiras – os cabras que haviam assaltado seu vizinho – o velho Claudino Gogó. Mestre como o negro Olynto Ignácio (1892-1946), vaqueiro por muitos anos na ribeira do Camaragibe (FZ. Lagoa Nova, S. Paulo do Potengi, RN), que nos confidenciava: “a gente dessa terra, tanto faz eu olhá a cara como o rasto…

(Oswaldo Lamartine)

As vistas do que se passou se deve o olhar bem futuro, por ter sentido o aprendizado é que se apruma a caminhada. Então, uma vez que se faz o novo com esmero e cuidado para os resultados, não é mesmo possível ignorar o passado. Foi a partir dessa premissa que a construção da exposição “Rastejar— no rasto de Lamartine” foi gestada.

Entre os dias 30 de julho e 17 de agosto esteve em cartaz na pinacoteca do estado. Também conhecido como Palácio da Cultura no centro de Natal-RN.

Sobre o conceito da mostra, Vlademir resume: “É uma provocação à percepção de um Nordeste a partir de sua essência, um ensaio fotográfico de imersões para o universo da linguagem, da origem e da identidade sertaneja a partir dos escritos de Oswaldo Lamartine que, após o ano de seu centenário, propõe ressignificar o lugar, uma vivência possível no aportar ao tempo, o espírito e o fazer sertanejo do homem e da mulher do campo como atores de suas crenças e edificadores do imaginário popular”.

Impressas no melhor material “canvas museum” para fine art, as 37 telas de tamanhos variados possuem 100 anos de garantia e estarão à venda o contato feito no site do autor (https://vlademiralexandre.wixsite.com/vlademiralexandre/slideshow). A exposição conta com apoio da Fundação José Augusto.

A TV Assembleia esteve conosco gravando um lindo programa para o Momento Cultural. Veja como foi.

(Vlademir Alexandre)

Sobre Vlademir Alexandre

Cientista social e fotojornalista, trabalha com mídia visual, fotografia e produção de vídeo há 27 anos. É arte educador e professor de fotografia.

 

Membro do Coletivo daFOTO!, atua em assessoria institucional nas áreas de indústria, legislativa, campanhas políticas e publicitárias, jornais (Tribuna do Norte, Estado de São Paulo, Novo Jornal) e revistas nacionais e do RN. Já produziu para instituições como Petrobras, Governo do Estado, Assembleia Legislativa, SENAC, Câmara Municipal e Prefeitura do Natal.

Criador do Blog Além do Mar, discute desde 2009 o turismo rural e desenvolvimento sustentável como alternativa. Educador em projetos de fotografia como ferramenta didática e conceitual em abordagens individuais e por meio de coletivos e ONG’s, é escritor, cursando Ciências Sociais. Foi vencedor e teve menção honrosa em concursos como Sindipetro, IDEMA, Brahma e SENAC MG. É coordenador e proponente do livro Seis Formas de Ver o mundo (2021) e fez a direção das entrevistas Foto Coletiva, codireção e fotografia websérie Autorretrato (2021).

 

 

Como nada anda dissociado nem ao mesmo faz-se sem lançar mão da coletividade, muitas foram as pessoas que construíram todo esse processo que culminou em uma bela exposição disponível ao grande público.

Com apoio da Fundação José Augusto em nome de Seu presidente Crispiniano Neto e toda equipe que se dedicou, do empenho de parcerias fundamentais para o sucesso que  alcançamos no feito de tornar real é palpável este projeto.

Agradecer a Conceito que em nome de Ana Albuquerque confeccionou os quadros em impressões primorosas, a Gustavo Lamartine que construiu a identidade visual das artes, a Rosinha, jornalista que deu apoio na divulgação, a Synara Kllyni da Casa Kllyni que serviu um na abertura sua gastronomia de alto padrão, a Duda da Boneca e o sanfoneiro Luan Carlos que deram sonoridade e poesia sertaneja ao lançamento e todos da pinacoteca que ajudaram a montar e receber cada visitante no período de exposição.

(Vlademir Alexandre

Pega de boi em Acari.

“Alevantados os currais e situadas as fazendas, o rastro-fêmea do boi pisava os chãos enladeirados daquelas lonjuras, fazia veredas no rumo das melhores pastagens e nos caminhos das bebidas. E de ferra em ferra crescia em cabeças, pois bicho que mija pra trás é que empurra o dono prá diante – como sentencia a sabedoria sertaneja…”

(Os açudes do sertão do Seridó-p. 16).

Aridez, a rudeza aparente, é no descortinar do viver que sobriedade matuta aparece, o alvorecer na humanidade sertaneja.

O sertão se confunde, habitat habitante, concretizam saberes, crenças, o rudimentar lidar da vaqueirama, ver rastejar, o princípio, a origem do homem na sintonia com seu chão, sua gênese. Campo fértil e amplo incentivo à um imergir, prece, canto ou aboio que se constrói caminhando.

Cortar veredas e encontrar os tempos idos em dizeres tidos, a posse da palavra como legado, marca de um povo, de sua origem. O pertencimento, a coisa elementar da alma errante, os caminhos diversos se propõem quando penso Oswaldo Lamartine. Ele, sertanejo forjado a mais profunda raiz seridoense, feito brasileiro destas terras vastas a explorar, a viver o Rio sem deixar seu lugar de morada afetiva.

Eu, menino do Rio de Janeiro, levado as terras dos Reis Magos fui bebendo desse toar mandingueiro, deixando mudar encontrando a Caatinga e aos poucos arriando arreios no cada cercado que se cria contos. Muita coisa me pereceu cruzar períodos, sentimentos, temporalidades. Não há comum na vida de quem percebe o próprio rastro.
Fizemos caminhos que apesar de diferentes, em algum momento se cruzou, afetado lancei olhar sobre seu legado.

Há muito o que defender desta terra e a Obra de Oswaldo Lamartine é uma espada!

Barragem de Umari em Upanema

Sertão tira o lugar da obviedade as vezes apática dos arranjos sistematizados no cotidiano urbano, quando se chega a campo aberto, o Sertão entra na gente, reformulando sentidos propõe imergir no Sertão de nosso íntimo.
Pudéssemos reconstruir nossos castelos, porém, talvez melhor seja, edificar sem sombras sobre a memória e os exemplos, toada para a consequência dos atos de mais que muitos, que vivos são os ensinamentos.

O rito de se ver e de perceber as nuances que se propõe a vida como fonte inquestionável de encontros e desencontros que nos entregam as possibilidades como dádivas, recebê-las, matura-las, refletir o lugar de fala e o encantamento visitante da cultura em sua forma elementar, primeira e fundante.

De certa feita somos história de se atravessar, contextos e geografias que mobilizam abordagens, a partir do que no apresentar o mundo que vivemos, o que vivenciamos constrói nossa contribuição participante. Conhecer transpõe o tempo decorrido em pele e osso, quando um sertanista arreia seu legado sobre o mundo, cria um porto para quem não deve se perder das origens.

Vlademir Alexandre

©Vlademir Alexandre

Não acabado, viver é continuidade, movimento, se perceber e perceber outro lugar, correr campo aberto de plantações, geografias humanas que se afastam do cotidiano das cidades, por certo é que podemos entender melhor o lugar aparente estranho, quando estamos nele, porém, é de permitir que todos os censos nos ampliem a capacidade de apreensão. Descobrir as nuances das diversas expressões humanas e naturais, ouvir, sentir, experimentar, refletir.

As condições para entender o processo de imersão quase sempre imprescindível a um encontro com um lugar fora, que em algum ponto permite olhar para dentro de outro ângulo. Nasce aí a construção do olhar inteiro, entregue a uma sensibilização promovida intensa e possível de ser e afirmar identitária, bela de uma propriedade intelectual afirmativa.

O litoral posto que olhado de dentro dele e da gente, esse foi o desafio proposto.

Nada está garantido quando se entrega a sorte do caminho desconhecido, porém, o caminho é sempre o que mais nos aponta quão rico é sair do lugar comum na obviedade segura, da mesmice.

O que volta, não é apenas o que vai conosco, nos torna abastecidos de preciosos sentidos reformulando as experiências com a bagagem que cada um se propõe carregar.

©Vlademir Alexandre

Aqui onde chegamos, as margens do mar, adentro o sertão, ouçamos o ato arado e dedicado a terra para alimentar e produzir, a condição humana, coletiva e solidária, assim, nos propusermos a abrir nossas sempre ansiosas expectativas de construção do olhar íntimo e da aprendizagem, do pensamento a partir da narrativa fotográfica a outros que possam e queiram um mundo além do imediato. Como falar não apresenta em si só possível em dar conta da experiência. Abrimos a porta de nossa vontade de compartilhar essa construção imanada de possibilidades enriquecidas na coletividade.

Retomamos assim um projeto que ficou no tempo de sua maturação concedendo a cada um de nós os motivos de entender a importância de continuar a caminhar.

Para tanto nos propusermos aos desafios da convivência, foram 24 participantes acreditando no espírito proposto pelo coletivo Fixar de cortejar o incerto sem se perder do princípio e como amantes da imagem, nos permitimos as benesses de estar com a parceria da Urca do Tubarão como mais que um lugar de descanso, um ponto alto em experimentar um acolhimento com tantas particularidades especiais.

©Vlademir Alexandre

Nosso almoço com alimentos, todos de produção agroecológica, livre de defensivos químicos, produzidos pelos camponeses do MST nas terras do assentamento Maria Aparecida e ao som de um trio de forró de Dex do acordeom, ainda, com a participação sempre marcante do Duda da boneca, membro do coletivo Fixar e enriquecido com um bate papo sobre a luta pela terra no sentido de entender os princípios desse movimento social e a convivência com a região.

Saímos cada um com uma semente de saber no lugar que define o que quase sempre nos apontam a distância.

©Vlademir Alexandre

Ainda, e por que não viver o calor emotivo que um pôr do sol em Tourinhos, proporcionar o que todo corpo pede e o que toda mente almeja quando deixa suave o brilho da manhã banhando de luz a língua do mar, que nos banha, que nos encanta contemplar.

Nossas buscas de surpresas programadas encontraram na manhã seguinte a caminhada como exercício do olhar sobre a busca de animais silvestres, e de construir novos olhares sobre a fotografia de paisagem, vendo as nuances mais sútis as coisas de fora mudam dentro de nós.

©Vlademir Alexandre

©Vlademir Alexandre

Retomamos lindamente o projeto de expedições fotográficas, peito cheio, cabeças leves, corações a pleno pulso, uma sensação de acolhimento coletivo uma fotografia que nasce antes do clique e encontra para a memória dos momentos e das coisas um suporte a fixar.

 

Vlademir Alexandre